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domingo, 14 de março de 2010

Mercado Negro

Queria publicar um post hoje a qualquer custo. Tive a oportunidade de encontrar com minha madrinha Dinha e ela falou-me de umas histórias legais de São Vicente e de meu pai. É sempre bom ouvir histórias de pai e mãe, no duplo sentido. Se não mais posso ouvi-los contar, que alguém me conte histórias sobre eles. Quem sabe as publique nesse espaço virtual de sonhos e confissões.


máscaras teatro

O título do post remete a coisa totalmente diferente desse assunto. Tinha intenção de escrever coisa totalmente diversa. Mas não sou dono das palavras. Sou escravo delas e já disse isso outras vezes. Sou escravo delas e submeto-me ao que me orientam, como se psicografasse num fluxo ininterrupto, enquanto ouço Carmina Burana (Fortuna Imperatrix Mundi-Fortune plango vulgare). Mantenho título, ainda que não tenha muita coisa a ver com o post.

Não preciso me estender. Pareço um poeteiro (como classificou este blog um leitor). Respondi-lhe: fazer o quê? Talvez seja meio assim romântico, embora sobrevivi ao mal-do-século. Tenho emoções que não costumo represar. E a palavra permite-me revelá-las, à deriva de meus reflexos de constrangimento. Tenho emoções e incluo nesse post um vídeo legal que vi sobre o tema embora não queira tratá-lo como lema nem problema. Apenas um dilema.

Este espaço virtual apareceu-me como uma janela. Uma oportunidade de ver o mundo panoramicamente e mostrar-me a ele apenas pelo espaço que a janela permite. É injusto? O que é justo? Quem quiser ver-me mais, deverá entrever-me nas entrelinhas. Entreler-me.

“Janelares”

“(…) O pensamento o perde

A emoção o encontra

O sorriso o alcança

E a vida o perece (…)”

(Maria Helena Braz da Silva)

sobrevivo ao mal-do-século

não obstante meu coração em pedaços

insiste em existir

sofro é claro sofro muito muito muito

com a saudade de pessoas que se foram

e não podem mais me contar suas histórias

mas a vida me faz prosseguir

mesmo que sofra

sei que o sofrimento é necessário

para crescer...

pelas janelas vejo o mundo

que apenas me entrevê

vejo a ti

que estás aí a me ler

do outro lado da tela do teu computador

com dor ou sem ela

olhas-me pela janela

que a máquina te permite usar

se tu janelares

descobrirás olhares

que tu não tinhas visto antes

e se enxergares o que está aqui dentro

verás que o mundo não é só teu mundo

sobrevivo ao mal-do-século

não sou tão romântico afinal

descubro palavras e elas me descobrem

desnudam-me perante o mundo

brinco com elas e elas judiam de mim

maltratam-me inexoravelmente

mas depois me consolam

com carinho extremo e muito amor

mas há uma palavra que me machuca

mesmo que sem crueldade

esta palavra que (não ouses dizê-la) tento esquecer

esta palavra que me recuso a dizer

esta palavra: saudade...

2 comentários:

  1. Continue sendo escravo das palavras e jamais se permita ser alforriado!

    Mais um post emocionante!

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  2. Caro amigo, de fato não tenho muito o que fazer em relação a isso. Não há abolicionistas nesse caso e nenhuma Lei Áurea será promulgada. Ainda bem que não estou sozinho nessa. Tenho amigos escravos como você.

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