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quinta-feira, 4 de março de 2010

A estátua e o piso

Depois de algum tempo sem publicar no “Poetopias”, apenas em “Os Invicioneiros”, forço-me a fazê-lo neste momento de aperto, movido pela tirania da palavra presa em mim.

Para tanto, lembro-me de um texto apócrifo interessante lido há alguns anos. Não conheço o autor, obviamente. Reproduzo-o para vocês, com adaptações minhas:



“A estátua e o piso

Havia um museu com o piso completamente coberto por belíssimos azulejos de mármore e com uma estátua, toda em mármore, enorme, exibida no meio do salão de entrada. Muitas pessoas vinham do mundo inteiro para admirar a bonita estátua de mármore. Uma noite, os azulejos de mármore começaram a falar e reclamar com a estátua de mármore.
— Estátua, isto não é justo, não é justo! Por que vem gente do mundo inteiro, pisa e pisa em todos nós, e só para admirá-la? Não é justo!
— Meu querido amigo, azulejo de mármore. Você ainda se lembra de quando estávamos, de fato, na mesma caverna? Respondeu a estátua.
— Sim! É por isso que eu acho tudo muito injusto. Nós nascemos da mesma caverna e agora recebemos tratamento tão diferente. Não é justo! — Ele chorou novamente.
— Então, você ainda se lembra do dia que o artista tentou trabalhar em você, mas você resistiu bravamente às ferramentas?
— Sim, claro que eu me lembro. Eu odiei aquele sujeito! Como pôde ele usar aquelas ferramentas em mim? Doeu muito!
— Com toda certeza foi muito dolorido! Ele não pôde trabalhar nada em você porque você resistiu em ser trabalhado.
— Sim. E daí?

— Quando ele desistiu de você e veio para cima de mim, ao invés de resistir como você, eu soube imediatamente que eu me tornaria algo diferente depois dos esforços dele. Então, eu não resisti, ao invés disso eu aguentei todas as ferramentas dolorosas que ele usou em mim.
— Mmmmmm!... — Resmungou o azulejo, insatisfeito.
— Meu amigo, há um preço para tudo na vida. E nem sempre é fácil. Às vezes é muito difícil, doloroso. Mas temos que aprender a suportar os sofrimentos, procurando crescer e aprender para nos transformarmos em algo mais belo. Já que você desistiu de tudo no meio do caminho, você não pode culpar qualquer pessoa que agora pisa em você.

***************
É interessante analisar a profundidade dessa historinha. Reflito, embora a história não esteja colocada em um plano religioso, que a vida assim nos trata. Ela é uma grande artista que vem nos moldar com suas ferramentas e nos tornar melhores. Sofremos e crescemos. Nesses tempos de Twitter, blogs e demais redes sociais da internet, textos assim são interessantes para composição de reflexões que podem nos tornar melhores ou não, no caminho que buscamos em nossas vidas. Gosto deles. Por isso compartilho.

“Busca”

em busca de um caminho
que ainda não sei
as palavras se amontoam
e apregoam verdades
e apregoam vontades
pessoas e pessoas e apelidos
a pedidos
atendidos por mim
escrevo obrigado
não agradeço
obrigado
pois a poesia assim me ordena
eu almirante não sei navegar
nesse mar de tormentas
tsunamis me agitam
e a água invade as praias
de meus olhos...



2 comentários:

  1. "eu almirante não sei navegar
    nesse mar de tormentas
    tsunamis me agitam
    e a água invade as praias
    de meus olhos..."

    Você acaba de ratificar a tese de Camões...

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  2. Prezado Coqueiro, o Luizão foi um cara legal... Se ele tivesse um Twitter, certamente seria um de seus seguidores.

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