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domingo, 29 de agosto de 2010

Na cova dos leões

As palavras sempre me sinalizaram a liberdade. Dedico esse post a uma pessoa muito querida. Vai lê-lo e saberá por que o fiz. Às vezes a vida nos prega peças. Às vezes nos deixamos pegar. Procuramos os problemas. Entramos na cova dos leões, não obstante os perigos.



De uma maneira ou de outra, a vida é cheia de perigos. Cabe-nos evitá-los. Alguns riscos são inevitáveis. Ferimo-nos e precisamos nos curar dos machucados.



Escrevo com frases curtas. Mas minha inspiração é curta, muito menor que a emoção que me invade agora. Nas minhas orações e nas de meus filhos e esposa sempre estão presentes todos aqueles que amo e todos os que precisam. Peço ao Senhor por eles e agradeço por mim, por nós.



Uma cena de 1991 volta-me à lembrança enquanto leio um velho caderno de poemas. Um dos cadernos verdes, aquele do dicionário louco de verbetes solitários. Muito legal!...



Um menino e seu caminhão brincam no piso encerado de tacos da sala da casa. Observo-o com um sorriso. Um menino e seu caminhão brincam. O brinquedo parece divertir-se de fato, como a criança. Uma simbiose interessante de coisa e pessoa, de pessoa e coisa. A felicidade é um amálgama...



Transcrevo o poema tal como foi feito. Omito o nome da criança. Mas não escondo nada. Estou muito feliz hoje e grato a Deus por tudo.

 truck











D. e seu caminhão”








D. brinca com seu caminhão
concentrado e seu mundo feliz
D. brinca com seu caminhão
onomatopeias várias fazem o mundo
de D. e seu caminhão...



De repente vem a noite...
Mas os olhos de D. brilham
no escuro da noite
D. e seu caminhão
não temem a escuridão...



D. brinca e seu caminhão
onomatopeia na escuridão
Vrruumm!... Vrruumm!... Fffiiiuuu!...
Não temem nada, querem a emoção
Este afã de ser feliz
Sem se preocuparem com o que se diz
De ele ser apenas uma criança
D. entretanto sabe muito bem como
nos ensinar a grande lição da esperança...



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pai e filho

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Deleitura

Resolvo agora retomar o blog Poetopias em um momento de fé e poesia, pensando em livro do poeta cearense Horário Dídimo que encantou-me no passado, sobretudo pela simplicidade dos versos.

Horácio Dídimo Ferreira Barbosa Vieira é professor aposentado do Departamento de Literatura da Universidade Federal do Ceará, formado em Direito na UERJ e em Letras na UFC, mestre em Literatura Brasileira pela UFPB e doutor em Literatura Comparada pela UFMG. Membro da Academia Cearense de Letras é autor de muitas obras de poesia, ensaios e de literatura infantil.



Reproduzo abaixo alguns poeminhas dele para "deleitura":




a palavra chave

a palavra chave
já não fecha
nem abre

a palavra amor
muda de cor

a palavra verde
amadurece

a palavra ave
voa no papel



a solução

daqui a cem anos

todos os nossos problemas
nos terão resolvido



As casas

após longa espera
nada aconteceu
as casas continuaram baixas
tão baixas
que muitos de seus habitantes rastejavam
enquanto outros desistiam de antigas reivindicações



As doces meninas de outrora

as doces meninas de outrora
amanheceram
vestiram os vestidos novos
pintaram as unhas de vermelho
por um instante resplandeceram
depois baixaram as cabecinhas louras
e envelheceram como as flores



Triste

triste não é saber que não há
nem que não haverá
triste é saber que nunca houve
e que agora para todo o nunca
choraremos


isso

não sei o que quero
dizer com isso

mas sei que isso
é o que eu quero dizer


identidade

um dia
com a ajuda de Deus
não haverá mais diferença
entre mim e eu





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Horácio Dídimo escreve com fé. Muitas vezes associa seus versos a trechos bíblicos e o faz de maneira aleatória, porém competente e pertinente.  Penso em versos que o Enanre Etraud poderia escrever para temos como o que ele aborda e o máximo que consigo são três quadrinhas. Reproduzo-a e finalizo o post:


Enquanto passam os anos de luta
Percebo que ainda busco uma luz
Que encerre em mim a auto-disputa
Pelo que não entendo sobre Jesus


Por que Ele se doou tanto por nós?
A dúvida lateja bem dentro de mim...
Ouço então o sussurro de uma voz
Dizer que esse era mesmo o seu fim.


Ser para todos de esperança um sinal
Sustentada na doação incondicional
Procuremos seguir este modelo bonito
Que nos foi legado por Jesus Cristo...