Queria publicar um post hoje a qualquer custo. Tive a oportunidade de encontrar com minha madrinha Dinha e ela falou-me de umas histórias legais de São Vicente e de meu pai. É sempre bom ouvir histórias de pai e mãe, no duplo sentido. Se não mais posso ouvi-los contar, que alguém me conte histórias sobre eles. Quem sabe as publique nesse espaço virtual de sonhos e confissões.
O título do post remete a coisa totalmente diferente desse assunto. Tinha intenção de escrever coisa totalmente diversa. Mas não sou dono das palavras. Sou escravo delas e já disse isso outras vezes. Sou escravo delas e submeto-me ao que me orientam, como se psicografasse num fluxo ininterrupto, enquanto ouço Carmina Burana (Fortuna Imperatrix Mundi-Fortune plango vulgare). Mantenho título, ainda que não tenha muita coisa a ver com o post.
Não preciso me estender. Pareço um poeteiro (como classificou este blog um leitor). Respondi-lhe: fazer o quê? Talvez seja meio assim romântico, embora sobrevivi ao mal-do-século. Tenho emoções que não costumo represar. E a palavra permite-me revelá-las, à deriva de meus reflexos de constrangimento. Tenho emoções e incluo nesse post um vídeo legal que vi sobre o tema embora não queira tratá-lo como lema nem problema. Apenas um dilema.
Este espaço virtual apareceu-me como uma janela. Uma oportunidade de ver o mundo panoramicamente e mostrar-me a ele apenas pelo espaço que a janela permite. É injusto? O que é justo? Quem quiser ver-me mais, deverá entrever-me nas entrelinhas. Entreler-me.
“Janelares”
“(…) O pensamento o perde
A emoção o encontra
O sorriso o alcança
E a vida o perece (…)”
(Maria Helena Braz da Silva)
sobrevivo ao mal-do-século
não obstante meu coração em pedaços
insiste em existir
sofro é claro sofro muito muito muito
com a saudade de pessoas que se foram
e não podem mais me contar suas histórias
mas a vida me faz prosseguir
mesmo que sofra
sei que o sofrimento é necessário
para crescer...
pelas janelas vejo o mundo
que apenas me entrevê
vejo a ti
que estás aí a me ler
do outro lado da tela do teu computador
com dor ou sem ela
olhas-me pela janela
que a máquina te permite usar
se tu janelares
descobrirás olhares
que tu não tinhas visto antes
e se enxergares o que está aqui dentro
verás que o mundo não é só teu mundo
sobrevivo ao mal-do-século
não sou tão romântico afinal
descubro palavras e elas me descobrem
desnudam-me perante o mundo
brinco com elas e elas judiam de mim
maltratam-me inexoravelmente
mas depois me consolam
com carinho extremo e muito amor
mas há uma palavra que me machuca
mesmo que sem crueldade
esta palavra que (não ouses dizê-la) tento esquecer
esta palavra que me recuso a dizer
esta palavra: saudade...
Continue sendo escravo das palavras e jamais se permita ser alforriado!
ResponderExcluirMais um post emocionante!
Caro amigo, de fato não tenho muito o que fazer em relação a isso. Não há abolicionistas nesse caso e nenhuma Lei Áurea será promulgada. Ainda bem que não estou sozinho nessa. Tenho amigos escravos como você.
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