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domingo, 27 de novembro de 2011

13 músicas caipiras muito importantes


"O Violeiro", de Almeida Júnior


Sei que compro uma briga enorme ao publicar um post com esse título e, confesso, a intenção era essa, mesmo. A polêmica leva à divulgação e à consequente valorização deste nosso tesouro cultural que é a música caipira.


De características diversificadas e origens várias, nossa música caipira tem relação direta com a própria raiz cultural do povo brasileiro. Não vou trazer aqui nenhum tratado sobre as origens da música caipira, mas algumas curiosidades que existem a respeito.


Nessa manifestação musical, há grande influência da cultura musical portuguesa, acompanhada fortemente da presença da cultura indígena, através dos urucapés, guaús, parinaterans e tocandiras, de origem guaicuru, xavante, guarani ou bororo. Segundo a história, o Padre José de Anchieta valeu-se de uma dança religiosa indígena, o caateretê, para tentar convertê-los ao Cristianismo. Teria sido ainda o Apóstolo do Brasil que introduziu esta dança nas festas das províncias da recente colônia, num hábito que até hoje persiste nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pará e Amazonas, sob a nomenclatura de “catira”, com elementos rítmicos da viola, do sapateado e do bater de mãos. Cantado em versos, o caateretê propiciava o surgimento de cantores e trovadores populares (pode-se ver mais desse assunto no sítio MiniWeb Educação).


A viola caipira é a marca sonora registrada que acompanha essa música, e há muito o que falar a respeito dela. Não é o objetivo aqui. De Câmara Cascudo a Cornélio Pires e Inezita Barroso, muita gente importante defendeu e ainda defende essa história e de forma muito competente. O meu objetivo é mesmo dizer que há algumas músicas que julgo muito importantes e não apenas por fazerem parte de minha existência, mas por representarem algum tipo de marco da cultura caipira brasileira.


Não quero falar também dos grandes intérpretes e compositores, pois são muitos os que se destacam e requerem um post dedicado, até para ilustrar bem a qualidade de cada um. Quero mesmo, como disse, apenas falar de algumas músicas que são importantes por representar uma característica específica do gênero.


Eis portanto, sem mais demoras, minha lista (que não está em ordem de preferência):



Música Compositores Importância Detalhes
“Pingo d'água” Raul Torres e João Pacífico Linda canção dos precursores da música caipira, que relata a esperança do caboclo pela chuva redentora. Ver letra e vídeo com Tonico e Tinoco
“Menino da porteira” Teddy Vieira e Luizinho Talvez a mais conhecida música do gênero, que conta uma triste história que, inclusive, já virou filme. Ver letra e vídeo com Daniel, no filme homônimo
“Pagode em Basília” Tião Carreiro e Lourival dos Santos Outro clássico do gênero, em que a virtuose do violeiro Tião Carreiro é impressionante. Ver letra e vídeo com Tião Carreiro e Pardinho
“Canoeiro” Alocin e Zé Carreiro Outra música que valoriza também a capacidade sonora da viola nas improvisações onomatopaicas da natureza. Ver letra e vídeo com Carreiro e Carreirinho
“Ferreirinha” Carreirinho Talvez uma das primeiras canções do tipo “moda de viola” que surgiram, contando a triste história do Ferreirinha, personagem fictício de música que ganhou até estátua em homenagem. Ver letra e vídeo com Carreiro e Carreirinho
“Chalana” Mário Zan e Arlindo Pinto A bela canção que traz como destaques a paisagem pantaneira e a sanfona, outro instrumento fundamental da música caipira. Ver letra e vídeo com Almir Sáter
“Travessia do Araguaia” Décio dos Santos Uma moda de viola que relata a dureza da vida do boiadeiro e da boiada, com uma metáfora bíblica muito bonita. Ver letra e vídeo com Tião Carreiro e Pardinho
“Chitãozinho e xororó” Serrinha e Athos Campos Uma das mais conhecidas músicas caipiras, carregada do bucolismo tradicional do gênero e que deu nome a uma das mais importantes duplas sertanejas da história. Ver letra e vídeo com Zé Tupi e Zé Pires
“Amargurado” Dino Franco e Tião Carreiro Bela canção, reproduzida pelas mais belas vozes do gênero, relatando um amor não mais correspondido pela amada, mas que permanece assim mesmo. Ver letra e vídeo com Tião Carreiro e Pardinho
“Mágoa de boiadeiro” Nonô Basílio e Índio Vago Relata a decadência do boiadeiro tradicional em virtude do transporte de boiadas em veículos. Ver letra e vídeo com Pedro Bento e Zé da Estrada
“Caboclo na cidade” Dino Franco e Nhô Chico Uma moda de viola típica, relatando o contraste entre a vida urbana e a vida no campo e seus valores. Ver letra e vídeo com Dino Franco e Mouraí (espetacular acompanhamento de viola e show de vozes)
“Cabocla Teresa” Raul Torres e João Pacífico Texto que relata um assassinato por ciúme, com uma declamação inicial. Uma das músicas que faz parte do repertório da maioria dos intérpretes do gênero, com destaque para os lendários irmãos Tonico e Tinoco. Ver letra e vídeo com José Domingos e Rolando Boldrin
“Ladrão de mulher” Vieira e Vieirinha Representa a catira, com palmeado e sapateado ritmado ao som da viola, destacando a dupla Vieira e Vieirinha, conhecidos como “Reis da Catira”. Ver letra e vídeo com Guilherme e Santiago

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mais uma vez a Somália é sinônimo de fome


Sinceramente, esse post é sobre uma reportagem que eu não gostaria de ler. Vejo mais uma vez a fome fazendo estragos na Somália. Lembro-me de um jogador que surgiu no América mineiro que ganhou esse apelido porque era um negro extremamente magro. O apelido do jogador reitera a metáfora cruel atribuída ao nome dessa sofrida nação.





Muitas vezes me deparo com o sofrimento sob várias maneiras. A fome é uma das formas mais cruéis de sofrer. E acima de tudo, a fome é inaceitável.  Não há como a humanidade padecer de fome com tanto desperdício por aí. Nada justifica. O capitalismo volta e meia dá sinais de esgotamento, pelo menos da forma como vem sendo praticado pelos governos.


A reportagem, retirada do sítio da revista Época, da editora Globo, retrata a recuperação do bebê Minhaj Gedi Farah. Sua mãe, após muitas dificuldades e sofrimento, chegou a um campo de refugiados no Quênia e sua filha Minhaj acabou sendo fotografada pelas lentes da imprensa internacional, tornando-se uma das faces da fome. Com apenas sete meses de vida, Minhaj tinha apenas 3,2 quilos.


A reportagem traz as fotos da evolução da criança após três meses, graças à ajuda humanitária. A maior vitória da guerreira Minhaj foi a da simples sobrevivência.  Embora os campos de refugiados mantidos pela ONU e por diversas ONGs tenham ajudado, eles não representam a solução. O ideal é dar condições aos povos menos favorecidos do mundo de encontrarem condições de se manterem por si mesmos. É uma questão de dignidade.


Entretanto, não há dúvidas de que esse tipo de ajuda é fundamental. A fome não espera... Ela dói... Ela mata...



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“A fome”


A Fome mostra às vezes seu rosto esquelético
Tal qual a Morte, sua irmã...
Ninguém pode ignorá-la
Quando ela transpassa-nos com sua lança de dor
Lancinante...
Por que é tão cruel a Fome?
Não tem piedade de ninguém...
Mas ela se supera ao atacar as crianças
Sugando-lhes, secando suas entranhas inexoravelmente...


Vejo sua cara terrível
Estampada nas capas de jornais e revistas
Mas também num simples passeio pelas ruas
De muitos lugares deste país...
Pergunto-me o que mais pode ser feito
Além da simples distribuição de bolsas...


A Fome e seu rosto esquelético
Perseguem-me em meus pesadelos
Assombram-me o olhar
Fazem-me lembrar do menino magrelo de outrora
Que nunca passou fome, entretanto...
Esse menino ainda existe aqui dentro
E se irmana com os que sofrem a dor
De não ter o que comer.



 Fontes das imagens: Coletadas da Web e editadas por Ernane Duarte Nunes