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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Indignação

Prezados, no dia 7 de fevereiro de 2007, um crime bárbaro chocou o Brasil. O menino João Hélio foi covardemente arrastado pelas ruas do Rio de Janeiro por um carro. Ele estava preso ao cinto de segurança. O carro tinha sido roubado de sua família e a mãe sequer teve tempo de retirar a criança do banco traseiro, sendo empurrada pelos covardes assassinos. O crime causou verdadeira comoção.
Até hoje, não dá para explicar... A que ponto banalizaram a vida humana. A impunidade é uma sensação que permanecerá em nós com seu gosto acre e seu cheiro fétido. Ao saber disso, restou-me a indignação perene e o que me atenua a revolta é poder falar dela às pessoas (meus alunos, meus colegas de trabalho etc.) através de todos os meios possíveis. Não podemos deixar fatos assim caírem no esquecimento, para que crianças não sejam mais atiradas de janelas de prédios nem dentro de lagoas ou em latas de lixo, para que índios não sejam mais queimados vivos em bancos de praça e outras tantas barbaridades que maculam nossa sociedade.
Para tanto, lembrando a triste morte do menino João Hélio, deixo um "post-poema" como uma reflexão acerca disso tudo...

Indignação


o carro arranca
o menino
(que destino!)
estava preso no cinto
sinto
muito sinto muito sinto muito sinto muito
diz a menina que não pôde salvar o irmão
e a dor que estraçalha o coração
da mãe que não pôde fazer nada diante da violência
só nos resta a indignação
somos uma digna nação
que não merece sofrer tanto mais
nossa religiosidade
nessa religiosa idade
em que refletimos mais sobre nosso papel
e o que podemos fazer diante disso tudo
indignarmos apenas não basta!
é preciso libertar nosso grito
e através de uma atitude concreta
não deixar que o menino preso no cinto
seja lembrado apenas mais um
nesse palco de violência
em que vivemos todos os dias...
o carro arranca
estamos todos presos ao cinto...

(por Ernane Duarte Nunes)

3 comentários:

  1. Infelizmente a bandidada está cada vez mais louca e sedenta por sangue.

    Você viu ontem no Fantástico, o caso daquele rapaz de origem humilde que estava cursando Medicina na UFPE e foi morto porque os "truta" não acharam quem deveria achar...

    Particularmente, o que mais me assusta é uma das principais causas de tanta violência: as drogas.

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  2. Prezado Harley, ouço agora a voz do Tião Carreiro cantando "a coisa tá feia, a coisa tá preta, quem não for filho de Deus tá na unha do capeta". Sem que nos tornemos reféns da violência, pois precisamos viver, é preciso gritar. É preciso mostrar que estamos vivos e queremos viver, numa sociedade melhor. E para que isso ocorra, podemos fazer muito, começando por não nos omitirmos.

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  3. Professor Ernane e Harley,
    Obrigada pelos comentários sobre a literatura de cordel.
    Eu gostaria de ter o dom do artista que se vale da poesia, da música e de outros gêneros para gritar seu descontentamento contra toda essa violência.
    Será que isso é ser invicioneira?
    Abraços,
    Cida.

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