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quinta-feira, 11 de junho de 2020

Sob a sombra das paineiras




Sob as sombras das paineiras, passei
Tantas vezes, sem que notasse as cores
E o tapete aveludado cobrindo os paralelepípedos
Com as flores que despencavam suavemente dos galhos
Derrubadas pelas aves e insetos bêbados de néctar
Inebriados pela beleza incomensurável daquelas árvores.
O apito da fábrica apressava-me os passos
E a escola me esperava
E o trabalho me esperava
E a namorada me esperava
E a casa em construção
E a vida sendo edificada...

Não passo tanto por lá mais...
Mas é como se as paineiras jamais tivessem me deixado
Sinto ainda o perfume das flores e a maciez das painas
espalhadas por onde piso
Marca de carinho da cidade que tem apelido de árvore
Ouço ainda os pássaros em festa e o zunzum das abelhas em seu lavor
O menino sai de dentro do homem
E nos paradoxos da vida
O menino se torna maior que o homem...




4 comentários:

  1. Maravilhoso, meu irmão! Transportou-me para aquele lugar, onde passamos tantas vezes como em um toque de mágica nos levando até ao céu de nossa imaginação e ao nosso castelo: o nosso lar, o nosso solar...

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  2. Lindo demais Naninho, descreve delicadamente, memoravelmente, o que vivemos, neste caminho, para a nossa casa, para o nosso Solar!

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  3. Lembro sim lindo este lugar esquina do Gilberto.

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