Escrevo essa postagem para minha madrinha e irmã, a quem
simplesmente amo demais. Dinha é como se fosse uma segunda mãe para
mim e dedico a ela um pequeno conto e um poeminha. Vamos lá!
“A
menina de tranças”
A menina de tranças pegou sua boneca de pano e saiu correndo para o
alpendre. O cachorro tinha latido e ela sabia que era o pai chegando.
Os irmãos mais novos foram também. Trabalhava fora e só vinha nos
finais de semana, sempre trazendo algo da viagem. Às vezes era uma
bisnaga de pão da Padaria Nossa, de Sete Lagoas. Outras vezes eram
algumas balas Santa Rita. Mas sempre trazia algo para os filhos.
Entretanto, naquele dia, o pai trouxera algo diferente. Era uma cesta
trançada de bambu cheia de coisas diferentes, algumas que ela nunca
tinha visto. Os irmãos rodeando o pai de abraços e ela tentando se
aproximar dele, não obstante a grande concorrência por atenção.
Mas a menina estava mesmo é curiosa com o que estava dentro daquela
cesta.
O pai, finalmente, chegou perto dela e falou:
— Terezinha, guarde essa cesta em cima do guarda-roupa. Tome cuidado
para não cair do tamborete!
— Sim senhor, pai! Mas o que são essas coisas dentro dela?
O pai então foi explicar que era uma cesta de Natal. E que lá
dentro estavam nozes, castanhas e outras guloseimas de que a menina
só ouvira falar nos livros. E ela tinha esquecido: era já dezembro
e logo chegaria o Natal, logo o pai passaria noites acompanhando a
Folia de Reis. Um porco ou mais seriam sacrificados para as festas de
final de ano.
A menina de tranças abriu um sorriso. Como era bom o Natal! Como era
bom fazer parte daquela família! Pulou do tamborete com a agilidade
de menina-moça e foi correndo para a cozinha passar um café e
fritar uns bolinhos de chuva para o pai, que tinha ido para o quarto
para tirar os sapatos e calçar suas alpercatas.
Daí a pouco, tomando o café com bolinhos na sala, o pai contaria
histórias aos filhos, que o rodeavam, sentados no chão da sala.
Eram histórias maravilhosas que levavam as crianças a outros
mundos, tão diferentes daquele pequeno lugarejo a que estavam
acostumados. E eram mundos de aventuras de príncipes valentes, de
joões soldados, de princesas lindas e delicadas e de muitos outros
heróis e heroínas.
Contudo, o maior herói daquelas crianças estava ali, bem defronte a
elas...
*******************
A chave
do tempo
pelas janelas abertas do passado
ela projeta seu futuro
são tantas histórias que se contam por si mesmas!
a porta do tempo tem uma chave
que ela usa para navegar pelas décadas
fazendo a travessia
levando consigo todos ao redor
resgatando memórias vivas de pessoas e lugares
de acontecimentos e de coisas
que constituem
molécula por molécula
o DNA de sua família
a chave tem a marca da saudade
e é feita de um metal super-resistente
inoxidável
que se chama amor
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