Estou mudo. Fiz uma cirurgia no último dia 10 de julho para retirar um pólipo nas pregas vocais e cá me encontro de bloquinho na mão tentando me comunicar. Escrevo, faço mímicas, mas a angústia de não poder falar ou de não me fazer entender como gostaria é terrível. A ansiedade carcome minha paciência e assim vou levando.
Passam-se cinco dias e já posso falar algumas palavras em tom baixo e o mínimo possível. Entretanto, os afazeres diários não permitem que seja em tom baixo (o telefone) nem que fale o mínimo possível. Tento me livrar do incômodo gerado pelos abusos, mas minha voz torna-se inaudível.
Estou mudo. Não consigo falar. Isso me incomoda muitíssimo. O que mais incomoda é não poder dizer algumas coisas especiais:
Obrigado!...
Bom dia!...
Deus o abençoe!...
Fique com Deus!...
Eu amo você...
“Eu amo você”
eu amo você
como a chuva silenciosa ama o regato
que a recebe quando cai da nuvem
e a condensa em fluxo contínuo
que cresce cada vez mais
eu amo você
como a montanha ama o sol
e o acolhe serena em seu colo quando se cansa de brilhar
e o faz adormecer sereno na noite que vem
para acordá-lo na manhã que nasce
eu amo você
como o silêncio aguarda a canção que dorme
silenciosamente no limbo oculto
e de repente surge despertando a emoção
escondida explodida em cada acorde
eu amo você
e apenas isso bastaria para que eu lhe desse minha vida
mas não a entrego simplesmente a você
compartilho minha alma
na intensidade máxima da entrega desse amor...