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domingo, 24 de julho de 2011

Crônicas de viagem I - Valores



Entro no ônibus com um bom dia tímido e não correspondido. Faço-o por educação e por formalidade. Busco um lugar para sentar, de preferência que não tenha um outro passageiro. Encontro um nas últimas poltronas do fundo. Sento-me e fico calado, pedindo a Deus uma viagem segura.

Após alguns meses, surpreendo-me agora como mudei. Isolo-me em minha viagem como aqueles que um dia critiquei. Sei que isso não condiz comigo e, às vezes, volto ao que sou quando encontro alguém que me permita isso. As crianças e os idoso são meu alvo predileto de interlocução.

Sei que não é fácil vencer os desafios do mundo moderno, mas percebo que nos sujeitamos com muita facilidade ao status quo e acabamos nos tornando insípidos. Não percebemos mais os sabores do viver.

E pior: educamos nossos filhos assim, para serem os melhores (ou melhores que os outros), desenvolvendo-lhes o egocentrismo. Ensinamos-lhes o valor do trabalho, para que ganhem muito dinheiro e sejam felizes sozinhos. Lembro-me de uma tirinha do cartunista argentino Quino que traduz muito bem isso. Meu amigo Coqueiro postou-a outro dia. Reproduzo-a abaixo:
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Saio do ônibus rapidamente, na frente de todos os demais. Sigo caminhando sozinho para o trabalho. Um outro colega vem logo atrás de mim, mas não o espero. Tenho pressa de chegar ao trabalho, sentar-me à mesa e isolar-me ainda mais. Mas intimamente coloco-me que jamais devo esquecer meus valores.


Um comentário:

  1. É triste, mas o seu conto conta tudo.

    Hoje, por exemplo, numa conversa com um amigo, ele disse que uma certa autoridade judiciária da Comarca de Paraopeba, ganha R$22.000,00 por mês para "maquinar e fazer o mal". Pensei "Ha, ha! Pobre desgraçado, ganha tanto dinheiro mas não é feliz!"

    Porque, pelo menos para mim, a felicidade consiste em todos sermos felizes, algo, digamos, bem "comunista"...

    Temos de fazer a inclusão para a felicidade, além da digital e social.

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