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domingo, 23 de maio de 2010

Sobre filhos


Tenho em minha formação pessoal a certeza de que a família é a instituição mais importante da humanidade. Por mais clichê que isso possa ser, é para mim a mais pura verdade, estruturada em pilares firmes que me constituem como pessoa.

Sei que nem tudo são flores (os clichês estão dominando hoje), mas agradeço a Deus por ter a família que tenho. Esse post é para falar de uma parte importante dela: meus filhos. Tenho dois rapazes que são meus orgulhos. Têm comportamentos totalmente adversos, porém, cada um do seu jeito, são seres humanos marcantes.

O primogênito, leitor inveterado, emociona-me ao vê-lo diante de um livro. Dizem ter puxado ao pai no prazer que sente e no hábito da leitura, o que, modestamente, assumo ser verdade. Sou leitor de tudo o que cair nas mãos, de enciclopédias a bulas de medicamentos. Sem exagero.

Meu caçula é também um bom leitor, mas um pouco menos intenso. Dedica seu prazer maior ao futebol e à imaginação intensa com que, até hoje, já entrado na adolescência, consegue ainda brincar, mesmo que solitariamente, com qualquer objeto que possa transformar em brinquedo. Lembro-me de um quadro de giz que ganhou da tia. Brincava de ser papai professor.

Fiz, ao longo de meus olhares para meus filhos, várias poesias. Nem sei quantas. Reproduzo algumas abaixo. Faço isso nesse espaço por absoluta necessidade de expressão. Renovo minhas forças diante das perdas da vida com o remédio eficaz do amor.

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“O Menino e o Livro”

O menino e o livro
são inseparáveis em sua união
um ligado ao outro
pelos laços fortes da emoção
um traz ao outro
o que lhe falta
o livro leva ao menino
o sonho, a fantasia, a aventura,
o sentimento, a sabedoria,
a dor, o amor, a tristeza,
a alegria, a alegria, a alegria...
o menino leva ao livro
o entusiasmo o entusiasmo
o respeito o respeito o respeito
nessa troca mútua
resta então olhar
o menino e o livro
inseparáveis em sua união
até o dia em que termine
a história e então unam-se
outro menino, outro livro...
menino e livro


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“O Quadro”

O quadro reflete a luz
Luminosidade dos olhos de meu filho
Pergunto se agora
Os desenhos que meu filho fez
Significam alguma coisa
Ele diz com os olhos brilhantes
Que é o nome do papai e o da mamãe
Que fazes aí, meu filho?
A alegria é evidente em ti
Em ti, ente levado
Levado pela criatividade de menino
Que é meu mestre
Ensinando-me lições de amor
Ensinando-me lições de valor
Com uma didática impressionante
Abraçando-me forte ao pescoço
Com as mãos sujas de giz.
Com um sorriso nos lábios, diz,
“Papai, como eu sou feliz!...”

menino e quadro de giz1

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre o frio nas almas

 

Acabaram-se tantas coisas boas de nossas vidas. Olvidaram-se nas estações que passaram. Foram-se tantas pessoas.

Desapareceram nas curvas do destino. Tantas palavras curvadas de angústia. Tenho meus sacramentos. Leonardo Boff ensinou-me. Supero a dor com o paradoxo da saudade. Já falei dele em outras oportunidades. Minhas frases curtas relatam minha inspiração mínima. Mas preciso dizê-las, expressá-las. Senão me implodem.

Neste momento, faz frio... um frio intenso e inequívoco. Ele não se engana em açoitar-me. Supero a dor com o paradoxo da saudade.

 

 

“Frio”

Meu corpo estremece e vacilo...

que farei agora neste frio?

O vento arranha minha pele

enquanto não percebo o vazio

que há no curral onde me escondo

peço ao cocheiro que atrele

o cavalo imaginário e afio

a lâmina de brilhante cabo redondo

que usarei para fazer o que é preciso

preparo-me então e estendo um sinal

ao corcel que segue firme adiante

penso em quando receberei o aviso

que me libertará desse meu mal

que massacra minha calma como gigante

que sequer percebe que pisou em formiga

não há nada neste momento que eu diga

que possa mudar o rumo do corcel

ele segue adiante sem um guia

sem ninguém com um pouco de alegria

e eu continuo com a lâmina na mão

e o frio cada vez mais fundo...

 

 

homem de gelo