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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mudo

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Estou mudo. Fiz uma cirurgia no último dia 10 de julho para retirar um pólipo nas pregas vocais e cá me encontro de bloquinho na mão tentando me comunicar. Escrevo, faço mímicas, mas a angústia de não poder falar ou de não me fazer entender como gostaria é terrível. A ansiedade carcome minha paciência e assim vou levando.

Passam-se cinco dias e já posso falar algumas palavras em tom baixo e o mínimo possível. Entretanto, os afazeres diários não permitem que seja em tom baixo (o telefone) nem que fale o mínimo possível. Tento me livrar do incômodo gerado pelos abusos, mas minha voz torna-se inaudível.

Estou mudo. Não consigo falar. Isso me incomoda muitíssimo. O que mais incomoda é não poder dizer algumas coisas especiais:

Obrigado!...

Bom dia!...

Deus o abençoe!...

Fique com Deus!...

Eu amo você...

 

“Eu amo você”

 

eu amo você

como a chuva silenciosa ama o regato

que a recebe quando cai da nuvem

e a condensa em fluxo contínuo

que cresce cada vez mais

 

 

eu amo você

como a montanha ama o sol

e o acolhe serena em seu colo quando se cansa de brilhar

e o faz adormecer sereno na noite que vem

para acordá-lo na manhã que nasce

 

 

eu amo você

como o silêncio aguarda a canção que dorme

silenciosamente no limbo oculto

e de repente surge despertando a emoção

escondida explodida em cada acorde

 

 

eu amo você

e apenas isso bastaria para que eu lhe desse minha vida

mas não a entrego simplesmente a você

compartilho minha alma

na intensidade máxima da entrega desse amor...